segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Fim

Como deve ser quando se tem consciência de que os dias estão chegando ao fim? Que o sol vai se pôr e nunca mais vai sair.
Não consigo imaginar o que passa pela mente de alguém que sabe os seus passos estão tão lentos que, mais cedo ou mais tarde eles pararão.
Entretanto, percebo o que se passa em mim ao"assistir" essa caminhada, dá um certo nó na garganta. Uma certa vontade de que o tempo seja mais generoso e passe mais com mais vagar; que ele seja mais generoso e me dê o seu "tempo".
Percebo que desejo que a "manivela" enferruje e trave, para os passos continuem andando.
Há uma briga interna: hora sou quem sou até aqui e noutra hora, tento ser melhor com o outro, afinal o outono se aproxima cada vez mais.
O tempo, vejo cada vez mais, é tão inexorável com os que estão na "reta final", quanto com quem está "na plateia". Seria absurdo dizer que é até pior para quem assiste? Seria assim uma tomada de consciência tão grande a ponto de sentir as dores alheias? Aquelas que ainda nem chegaram.
Afinal, como saber o que passa quando tudo parece apenas uma brincadeira de mau gosto, do tempo?
Essa tal consciência que é tão dura que chega a doer, pois que inevitável.
Enfim, sigamos, pois assim é o "costurar" da vida, e na minha posição de observadora e ao mesmo tempo atriz coadjuvante, só me resta especular sobre o sentir alheio a respeito do que ser fato, mais dias ou menos dias: a morte.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O pote da felicidade

Onde foi parar o arco-íris que estava ou deveria estar aqui...onde, em que nuvem se escondeu...
Num instante o céu fecha e nuvens negras começam a aparecer, o ar sufocante e parado preenche todos os espaços e ficamos sem espaço, tudo fica em suspenso, inclusive nós.
Em dias abafados, quando olhamos o horizonte e não vemos o horizonte, tentamos resgatar o vento que passou ainda ontem para ver se ele leva essa poeira recém instalada.
Nos debatemos um pouco e caminhamos rumo às árvores, lá sim, deverá ter um ar escondido em meio às folhas. Sim, lá deveremos nos deparar com a leveza que só em dias mais amenos existe.
O encontro fatal entre chuva e sol, por outro lado, também traz em si aquele arco-íris que costumávamos procurar intensamente quando crianças, para, por seu lado, encontrar o tão sonhado pote de ouro.
É dezembro e quase Natal.
Muitas foram as sensações e acontecimentos que vivemos no ano que está chegando no seu degrau final e, ai vamos arrumando as coisas, arrumando as gavetas, esvaziando a mochila para embarcar mais leve.
O arco-íris? Esse continua lá, e só olhar com olhos de adulto mas, tendo no coração, a criança.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Calma

Às vezes é necessário apenas esperar a tormenta passar.
Na maioria das vezes, é preciso que se espere.
Junto com as folhas e galhos que voam, vem também aquelas gotas que mais parecem alfinetes, de tão finos e doloridos que são, pois que batem com toda força no nosso rosto.
Carece de parar e se abrigar então.

Assim é a natureza, assim é a nossa natureza: teimamos em nos debater, em sair em dias de tempestade sem a mínima proteção e, escorregamos, caímos.

Na maioria das vezes precisamos sentar em algum lugar, olhar em volta, olhar dentro, nos reconfigurar e aí, podemos fazer a caminhada, ela já será outra.


domingo, 24 de junho de 2018

Ar que entra

E quando você sai, abre a porta, se depara com a vida que é pungente. Se depara com as pessoas nas portas de casa, conversando, tomando pé da vida.
Quando nós saímos, abrimos nossas portas, não é diferente, encontramos. Nos deparamos com os outros, dos quais às vezes até nos escondemos, receptivos ou não, não importa, a questão central é diminuir as barreiras, e aí, decidimos se existirá uma troca ou não.
É isso sabe, em cada encontro, uma troca, mas, é preciso estar com nossas janelas abertas, não necessariamente escancaradas, é sempre bom um certo "recato", mas, se elas estiverem ao menos entreabertas já poderemos enxergar com nitidez o que está na nossa frente.
Quando atravessamos o limiar do nosso canto e nos arriscamos andando rumo ao desconhecido, à rua, é que percebemos quanta riqueza deixamos de apreciar durante o tempo em que ficamos reclusos. O que nos foi negado por nós mesmos ao não relaxar e deixar vir o novo.
Seguimos um tanto indiferentes na calçada.
Algo muito mágico acontece quando sentimos essa vida pulsar dentro de nós, é como se nunca tivéssemos reparado que existe um ar a ser respirado. Vem uma alegria quase infantil ao perceber o quanto a vida pode ser bacana, quanto somos ganhadores de alguns prêmios e quanto mais ainda podemos aprender.
Quando abrimos os nossos vidros e tomamos esse ar, que parece mais puro, uma alquimia está pronta a acontecer: aquele ar meio viciado entra pelas narinas e vai soar lá no cérebro mandando a mensagem de que ele esteve e estará sempre ali, é uma questão de fazer esse exercício diariamente. Abrir-se. E aí, o coração respirará melhor também.



sexta-feira, 20 de abril de 2018

Todo ano um novo nascimento

A muito tempo percebo que, em determinados meses, eu sou mais questionadora, mais sensível, mais próxima do silêncio também, embora esteja em estado de verborragia mental.
De muitos anos para cá, talvez todos, eu vejo que há quase uma anarquia, será que ainda é usado esse termo? Um ser, que não é totalmente desconhecido, toma conta dos meus pensamentos e, em geral, ele gostaria de ser outro, mas, eu tenho consciência, ele está dentro de mim sim; é aquele caleidoscópio interior, sabe? Então.
Me pergunto se as pessoas se comportam assim. Me pergunto se essa vontade de sair por aí fazendo mais coisas do que imagino que poderia fazer; se esse desejo de sentar na praça sempre foi meu.
Nos últimos anos vejo que no meu mês de nascimento eu realmente sou várias outras; nasço novamente e adquiro novas caras, novos gostos pela vida. Desejo inclusive que, em tendo nova vida (pós-morte) ou uma, quem sabe, reencarnação, eu lembre que gostaria de voltar e ser melhor.
É verdade, nasço com uma vontade enorme de nascer de novo e, talvez até repetir algumas coisas, mas, essencialmente, viver outras coisas.
Me pergunto, todavia, se não as vivi e estou tendo um deja vu, pois existe sim uma quase saudade, um lampejo de: já estive aqui antes.
Todo ano vejo que nasço novamente e nasce em mim o desejo de voltar, em algum tempo, em algum lugar.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Vivendo e aprendendo

E assim vamos vivendo. E assim vamos aprendendo, é só uma questão de tempo e de querer, ou não. Nem sempre queremos aprender da forma que aprendemos, a vida nos impõe seu modo e, que jeito, aprendemos na marra.
Um ano é mais do que suficiente para mudarmos algumas concepções, corrigirmos padrões de pensamentos e melhorarmos. Em um ano muita coisa acontece, literalmente é uma vida e não há tempo para brincadeiras, pois, mais cedo ou mais tarde, as cobranças vêm. Na verdade, um fato muito parecido ou igual ao ocorrido no passado acontece e se, o "candidato" não aprendeu como agir naquela oportunidade, terá na sua porta uma segunda chance.
Não é uma questão de querer ou não, viver uma experiência semelhante àquela, ela simplesmente se apresenta e o individuo tem que reagir, tanto melhor se sua reação for mais conscienciosa, se esta lhe trouxer à tona como reagiu no passado e mudar o seu "modus operandi".
Nada, absolutamente nada, acontece por acaso. Nada vem para você se você não tiver, de alguma forma, a aprender com aquilo.
Em geral esses aprendizados são rejeitados inconsciente ou conscientemente pois eles trazem dor, sofrimento, renúncia, por isso a fuga. Justamente por isso é que eles tornam a voltar quantas vezes forem necessárias para que aprendamos a lidar.
Entendamos que a rua, o caminho estará sempre lá, a nossa espera, não importa quantos passos demos para trás ou desviemos, ele estará lá, melhor será se encararmos logo e seguirmos. Quem sabe o próximo caminho seja mais leve.

sábado, 30 de dezembro de 2017

O círculo

Um ano chega ao fim. Uma vida chega ao fim. Um ciclo chega ao fim. É assim, vivemos numa roda constante e pensamos, às vezes, que podemos escapar dela. Ledo engano. A vida é sim, circular, e todos os elementos que entram nela, giram com você durante um determinado tempo para sair, logo depois, às vezes sem notícia prévia, às vezes, deixando pequenos recados, que nem sempre entendemos.
Temos a tendência de nos postarmos no parapeito da janela e observarmos, com isso achando que ser expectador é mais fácil, entretanto, os enredos vão nos abraçando de tal forma que, sem perceber, já estamos na roda do outro, fazendo parte. Somos assim, o elemento que fez parte do círculo de alguém.
Muitas vezes as coisas se dão de forma tão sutil que nem lembramos quem chegou primeiro na roda do outro e isso é mágico.
Quantas vidas já fizeram parte da nossa vida, seja por um breve momento, seja por longos anos. O que nos trouxeram, o que nos levaram. O que levaram de nós...
Um ano chega ao fim para outro chegar. A roda é gigante, até sairmos dela.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Mudanças diárias

É interessante perceber mudanças sutis e às vezes, nem tão sutis assim, no meu corpo, no meu jeito, no meu dia-a-dia e elas se revelam não só muitas, como também, significativas.
Percebo, por exemplo, que, como nunca antes, cada vez mais, adoro ficar no sossego do meu lar, mesmo que isso signifique fazer nada ou ao contrário. Também que me enjoam certos hábitos alheios ou ficar perto por demasiado tempo, de pessoas que são "alaridas" (termo criado por mim agora), o que, de certa forma, me torna impaciente (mais do que já sou, claro) e querendo sair dali.
Tudo isso me leva a crer que, SIM, mudamos. Não sei se pra melhor ou pior, não entrarei no mérito, mas, mudamos e muito, com o passar dos anos.
Cultivo plantas, se eu parar pra pensar, sempre gostei de fazer isso. O bacana é que agora que estou escrevendo sobre, minha memória tem um lampejo e me diz isso. Quando eu era criança já plantava tomates e alfaces e talvez mais algumas outras.
Todavia, além de continuar a gostar de plantar as folhas, como chamo, também descobri um outro tipo de planta, as suculentas (elas são tão lindas), temperos e rosas; dedico mesmo um tempo pra isso e aí onde mora uma coisa chamada mudança.
Mudamos mas, resgatamos gostos que ficaram muito lá atrás e cultivamos com um "sabor" diferente. Paramos uma hora que seja do nosso dia para fazermos aquilo que tomamos gosto.
Vejo também que não é que só agora não gosto de ficar em companhia de pessoas que são agitadas ao extremo, inquietantes ao ponto de me inquietar, nunca tolerei muito, tanto que procurava o silêncio do meu quarto para aquietar a mente.
Então a pergunta que me faço agora é: será que mudamos apenas agora que a maturidade chega ou retomamos o que sempre foi nosso e não nos dávamos conta??
Chego mesmo a concluir que é metade, metade. Em alguns aspectos sim, existe uma tomada de consciência do que sempre fomos e não tínhamos percebido; e, a outra metade, sim, mudamos. Somos seres adaptáveis e mutáveis pois as situações nos leva a isso. O tempo nos leva a isso. Que bom!


segunda-feira, 28 de março de 2016

Recomeços

Sobre o quase desespero, sim, quase, porque não chega a sê-lo de fato, é o que quero refletir.
Como chegamos a ele. Como não percebemos seus tentáculos nos envolvendo. Como não percebemos sua sombra se projetando sobre o nosso sol.
Não sei, se soubesse, não estaria refletindo, pondo dúvidas sobre minhas conclusões.
A verdade é que em uma manhã ou noite, geralmente nas noites, pois é para nos tirar o sono mesmo, nos pegamos quase desistindo, nos desesperançando, boicotando nossa capacidade de olhar para os outros lados.
E isso é muito rápido. Ontem mesmo estávamos felizes, contentes, alegres, preparados para ganhar maiores espaços na vida; sonhando outras tantas realizações. Certos de que era uma questão de tempo para que tudo desse mais do que certo e aí....nos encontramos exauridos, desistentes, sem perspectivas.
Nada caminha, não vemos mais horizontes, o nosso infinito já é finito.
Os planos e projetos são fracos, não valem mais a pena lutar por consegui-los. É tudo muito dificil e as horas se arrastam.
A ansiedade, então, vai subindo, vai tomando corpo, criando pernas e vozes e, estas, vão dizendo inverdades, obstaculando.
Isso tudo de uma hora para outra, da noite para o dia. E aí, volta a pergunta: como isso aconteceu e nem nos apercebemos...
Bem, quase desesperados, relutando diante de coisas que já dávamos como certas, é preciso parar para ouvir o que diz o coração.
Sim, o nosso coração ou a nossa consciência ou a nossa experiência ou a nossa intuição. São tantos os nomes que designam o mesmo poder mas, não importa como é conhecido, a questão é o seu resultado.
De novo, é como um despertar. O nosso coração de repente diz que algo está errado, que os nossos pensamentos anteriores ao quase desespero é o que devemos seguir.
O esperto e sensível coração aciona uma sirene: ei! volte tudo. Pare, pelo menos, e, perceba que algo tem que ser feito antes que o quase vire fato.
Atravesse a rua. Olhe o outro lado. Feche uma janela e abra outra. Não veja apenas o lado esquerdo ou o direito o tempo todo. Mude seu foco. Perceba que não está respirando e comece a fazê-lo.
Desamortecer, é o que precisamos nesse momento. Voltar a ver os outros caminhos, pois eles existem e podem nos mostrar outros atalhos.
É isso então, já que não sabemos como chegamos as vias de fato, então, pelo menos tenhamos olhos novos, enxerguemos o depois, o além das montanhas, realmente existe outros desafios ali.
Dessa forma, é preciso coragem. Coragem para desamarrar as supostas cordas, para tirarmos as vendas.
Dessa forma é necessária uma dose extra de oxigênio para desintoxicar dos medos, das nossas próprias desaventuranças, das nossas idéias estanques.
Sim, de novo e de novo, é preciso voltar e dar um outro primeiro passo. Começar de novo.

Um fazer eterno

Lavamos xícaras, pratos, carros e casas.
Noutro dia tivemos cartas para botar no correio, contas a pagar, levar roupas na costureira.
O jardim, puxa, como foi que esquecemos de ligar para o jardineiro e assim segue o passo: um eterno fazer.
É interessante pensar nisso, olhar a agenda do dia seguinte e em dois minutos, preenche-la. Parece que não acaba nunca. A impressão que dá é que basta pensar um pouco e, estamos lá novamente: fazendo ou planejando coisas.
E o que seria o contrário (inter...). Como reagiríamos se em determinado momento não tivéssemos coisas a fazer, compromissos a cumprir, tarefas para terminar (interrogação)
Um olhar pela janela, esperar o dia passar, passar sem perceber...O que seria de nós (inter..)
Então a vida deve ser isso: um fazer eterno ou melhor dizendo, um fazer constante. Eterno, eterno é só uma forma de falar.
O que importa é que às vezes nos cansamos de tantas tarefinhas. Resmungamos mesmo com o fato de "não parar nunca". Já virou mesmo mantra algumas frases: a gente nunca para ou tudo é sempre tão corrido. Será....
Essa dicotomia como tantas outras da vida nos serve de mola propulsora, de alavanca, de "empurrãozinho" e chega a ser saudável, pois basta para pensarmos que ...e se não fosse assim, como seria (int..)
Dá um certo frio na barriga pensar que talvez algum dia a agenda não seja preenchida; chega a ser perturbador o pensamento de ficar semanas sem compromissos a cumprir. Claro, existem as férias, quando nos libertamos do "ter que" mas, são férias e mesmo nelas, muitas vezes reservamos um tempo para quitar uma conta ou coisa que o valha e que seja sinônimo de compromisso.
A vida! Que ser misterioso.
É tudo tão bem engendrado que custa pensar que poderia ser diferente.
Creio que seja assim mesmo: enquanto há vida, há coisas a fazer. Creio que seja assim: enquanto houver movimento, haverá vida ou o contrário...

domingo, 28 de dezembro de 2014

Desapego

A palavra de ordem é: desapego. E como é difícil obedecer.  Seja qual for o aspecto que estejamos falando, a verdade é que nos apegamos tanto a tudo e qualquer coisa que nem cogitamos a hipótese. Mas, é necessaria sua prática.
Podemos começar pelos livros, revistas e antigos papéis: precisaremos deles ainda, será.  Para que os mantermos, se faz anos que acumulam poeira na estante e nem os folheamos.
Jogar fora, dar um destino a essas coisas q nao usamos mais é um exercicio.
Passemos para as roupas e sapatos. Confessemos: sera que teremos coragem de usar aquela roupa que não nos serve mais. E, pior, esta fora da moda. Sinceramente,  tem tanta gente que nao tem absolutamente nada. Doemos então.
E aí, surgem outras categorias de desapegos: móveis,  utensílios,  sentimentos, pessoas.
Mais difícil, muito mais difícil. Mas, que pode tambem ser feita, basta praticar.
A limpeza do final do ano é bem significativa e enquanto a fazemos, indo naquele canto do alto da parede que nunca visitamos antes, estamos propensos a tirar a poeira dos nossos cantos internos que tão pouco conhecemos. E assim podemos concluir que a negatividade estava ali todo o tempo,  bem caladinha.
Joguemos fora, ela so cria lodos que nos fazem escorregar.
Pessoas que vampirizam nossas energias também estao dispensadas.
Aquelas que so querem o venha a nós,  que nunca estão disponíveis quando delas precisamos, as que despejam problemas e paixão na mesma proporção,  idem.
Tenhamos coragem: ao retirar o lixo, tratemos de desapegar de tudo e todos que nao nos traz mais nada, alias, que estagnou as aguas que deveriam correr lires.

domingo, 30 de novembro de 2014

O Desamor dos amores!

Cada vez que escuto mais uma estória mal sucedida de amor me pergunto: afinal, o que foi feito do amor.

Reza a lenda, os evangelhos bíblicos e tantos outros textos importantes da história que amor é caridade, paciência, é "um contentamento descontente" e eu acrescentaria à lista, outros certamente já o fizeram, tolerância. E, gostaria de me apegar a esses adjetivos quando me faço a pergunta.

Onde estamos errando. Onde perdemos a mão. Onde pegamos o atalho que se desviou do Caminho...
Não sei, mas, o fato é que, conforme tinha "proclamado" em tempos ou textos atrás, homens e mulheres se sentem cada vez mais sozinhos e procuram amainar esta situação buscando pares, um atrás do outro ou, pior, um do lado do outro. É uma corrida maluca. Ninguém se conhece, ninguém conhece a si mesmo ou talvez se conheça tanto que tenha medo de se enfrentar...sozinho.

Quem sou eu para julgar, jamais. Mas, a questão me incomoda. Vejo que há uma troca de corpos tão grande a todo tempo, tentando saciar um desejo que, a meu ver, não será saciada desta forma, que a carência só se torna mais funda, porque não é isso que as almas querem.

Quando ouço histórias de casais que continuam juntos por 30, 60 anos a despeito de todas as dificuldades me pergunto: qual é o segredo, sim, porque deve existir um. Criaram 4, 7 filhos. Em geral lutaram muito para dar a esses uma vida "decente". Muitas vezes moravam na mesma casa os pais, filhos, sogra de um ou de outro enfim, era verdadeiramente uma família. E, a despeito de todas as dificuldades, conseguiram chegar a um bom termo.

Muitos dirão que "naqueles" tempos um casamento era tão duradouro porque, em geral, as mulheres, faziam vistas grossas à traição. Eram traídas, mas, suportavam a situação porque não se podia falar em separações ou porque não saberiam o que fazer para sustentar a prole. Sim, é fato. Na maioria dos casos, eu diria que isso acontecia. Entretanto, temos que admitir que no meio de tudo, haviam também casamentos saudáveis, sem desrespeitos por parte de ambos. Sobreviveram às marés altas.

Aí, volto a me perguntar: será que deveríamos olhar menos para nós e um pouco mais para o outro...ou ainda, olhar para nós e nos vermos de fato. Tudo é um exercício e, sem dúvida, exige esforço.

Talvez tenhamos sido levados a pensar que nada vem de graça, tudo necessita de sacrifícios e por isso estejamos arraigados a esse pensamento e ainda mais a forma de ver a vida. Todavía, me faço outra pergunta: é de fato interessante entrar e sair de "relações", notem, não digo relacionamentos, e sim relações.
Não é desgastante deitar com um, outro e mais outro, muitas vezes com intervalos ínfimos...O que se busca aí..

Enfim, me parece intríseca a relação paciência, tolerância, para que se construa um relacionamento com bases mais sólidas e eu adicionaria bom humor e leveza sem isso, os "sacrifícios" perderiam esse tom pejorativo. Pelo menos poderemos dizer: eu tentei ou melhor: nós tentamos.

Viva o amor.





domingo, 16 de junho de 2013

Brevidade

                                                     
Brevidade é um doce do tempo da minha mãe e que hoje eu ouvi de novo falar dele
É uma receita bem simples, sem muitos enfeites, sem ingredientes difíceis de ser encontrados, rápida e justamente por isso bom. 
Além da receita o que mais me chamou à atenção foi a forma onde se coloca o doce: pequena. Ideal para ser servida naqueles finais de tarde chuvosos, quando se está com vontade de não sei o que e que tem que ser doce sem ser enjoativo, na medida. Tudo na medida.
Trouxe o doce para os dias atuais, para as relações atuais: breves. Sem enjôos, sem...sem...bem, sem frecuras (interrogação), sem dificuldades (interrogação), sem...bem, era para ser simples, certo..certo. Errado.
As semelhanças com a Brevidade são muitas:elas me parecem realmente breves,curtas, instantâneas. São "servidas" quando se tem vontade. Quando se está com aquela vontade de não sei o...pois é, este é o problema. O não sei o que de quem (int)meu (int), seu (int), meu e seu (int).
Em geral meu e não necessariamente nosso. Você não sabe da minha vontade, quem te disse que ela era para apenas um final de tarde chuvoso. Entretanto, eu TE dei permissão.Talvez na esperança de que fosse mais do que uma "brevidade". Talvez...
A brevidade, o doce, é bom. É doce, sem ser enjoativo. É pequeno, sem ser demais.Na medida.
As relações breves nem sempre são doces e boas. Enjoativas, claro que não, afinal nem dá tempo de ser.Na medida, para quem (int). Para você que se "serve" e "arrota" (int) e aí (int).
Não estou aqui dizendo que as relações breves não possam ser boas, mas, eu estou falando de breves MESMO. Aquelas que não se tem tempo de dizer ou saber o que o outro gosta. Aquelas que não se dá tempo de dizer "até amanhã" porque não haverá nem hoje à noite. Como o doce, sabe (int). 
O que eu quero dizer que pessoas não são "doces" que vêm e saciam quando se tem vontade.Pessoas são feitas de carne, osso e ALMA. Têm algo mais. Algo que me parece que o outro não quer descobrir, sabe-se lá porque.
O pior nesta discussão com meus botões é chegar à conclusão de que nestes dias "tecnologicos" estamos todos sujeitos às brevidades e eu disse TODOS. Quando vemos, também fazemos parte da roda viva.
A diferença talvez entre eu e você é que eu vi que entrei, percebi que estava rodando igual e pedi para descer.